sábado, 1 de agosto de 2009

As fortificações históricas Portuguêsas

Os portugueses, após a fundação do Forte do Presépio (1616), onde hoje se encontra a cidade de Belém, com a expedição comandada pelo Capitão-Mor da Capitania do Maranhão, Francisco Caldeira Castello Branco, começaram a explorar a imensa foz e iniciaram os reconhecimentos rio acima. Logo em seguida, mais interiorizado na imensa foz, foi levantado pelo mesmo Capitão-Mor o forte de Gurupá, que passaria a desempenhar o papel de ponto de apoio para as futuras incursões lusas, rio adentro.
O Conselho Ultramarino, preocupado com a ocupação do alto Amazonas por jesuítas espanhóis e com as penetrações exploratórias de navegantes franceses, ingleses e holandeses, já instalados em alguns pontos do Maranhão e ao norte do Cabo Orange, resolveu criar o Estado do Maranhão e Grão-Pará (1621); era o prolongamento da jurisdição territorial da antiga Capitania do Maranhão até ao norte da boca do Amazonas e o fortalecimento político da autoridade responsável pela segurança e colonização dessa área.
Em 1637, Felipe IV da Espanha, detentor das duas coroas, resolveu mandar criar a Capitania do Cabo Norte (atual Amapá), entregando sua donatária ao português Bento Manoel Parente. Não foi sem muitas lutas que os portugueses consolidaram seu poder nessa capitania ambicionada pelos franceses.
Em seguida, o Governador do Estado do Maranhão e Grão-Pará resolve organizar a grande expedição portuguesa de exploração do rio Amazonas. Sob o comando do Capitão Pedro Teixeira, essa expedição (1637-1639) percorreu itinerário inverso ao feito por Orellana há quase 100 anos passados. O Capitão Pedro Teixeira subiu o Amazonas, o Marañon, o Napo, abandonou as embarcações, galgou as escarpas da cordilheira e chegou ao grande altiplano de Quito. O aparecimento de Pedro Teixeira e sua gente nos Andes surpreendeu e desagradou às autoridades espanholas.
Alguns anos após a viagem de Pedro Teixeira, chegou às terras do Vice-Reinado de Lima o bandeirante Raposo Tavares, vindo de São Paulo, tendo percorrido o rumo geral dos vales do Rio Paraná, Paraguai, atingiu a região de Santa Cruz de la Sierra, explorou as encostas andinas, teve alguns desentendimentos e choques com as autoridades espanholas, desceu o rio Grande e atingiu o Mamoré, o Madeira. o Amazonas e chegou a Gurupá, de onde havia partido o Cap. Pedro Teixeira.
O padre Antônio Vieira. narrador da bandeira de Raposo Tavares, ouvindo e transcrevendo os relatos dos presentes que acompanharam a expedição, tão audaciosa quanto a bandeira fluvial do Cap Pedro Teixeira, e que tanta conseqüência trouxe ao alargamento das fronteiras brasileiras, que seria depois consolidado pelo Tratado de Madri (1750), compara a bandeira de Raposo à façanha dos argonautas. “Mas esta tem apenas a doirá-la a lenda e o resplendor da Idade Antiga - bem modesto padrão para medi-la!”, exclama Jaime Cortezão. Faltou à empresa lendária dos argonautas “a variedade inóspita dos climas e o esforço múltiplo dos trabalhos, que exigia dos homens (e não dos deuses) uma energia física e uma constância moral que excediam à mais alta medida humana. pois devia fundir a força dos gigantes e a consciência dos heróis”.
Conjugando-se ao impulso expansionista do bandeirante paulista, partiram do Estado do Maranhão e Grão-Pará as bandeiras fluviais de conquista da Amazônia para a coroa de Portugal. Diz o historiador amazonense Samuel Benchimol: “A grande capitania da conquista foi a do Grão-Pará, onde, a partir de São Luís, se iniciou, com Francisco Caldeira Castello Branco, a história das bandeiras fluviais paraense­amazônicas. A fundação do Forte do Presépio, em Belém, no ano de 1616, serviu de base logística à expansão. Sem dúvida, a primeira grande bandeira fluvial paraense-amazônica foi a do Capitão Pedro Teixeira, que, seguindo instruções do governador Jácome de Noronha, partiu de Gurupá a 17 de outubro de 1637 com uma armada de quarenta e sete canoas, mil e duzentos índios de remo e peleja e mais seiscentos soldados portugueses, o que, contando mulheres e curumins, fazia a expedição ascender a duas mil e quinhentas almas, segundo o registro histórico de João Lúcio de Azevedo”.

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