quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Se ontem era terra portuguesa, hoje é terra brasileira com certeza

Se ontem era terra portuguesa, hoje é terra brasileira com certeza) "Árdua é a missão de desenvolver e defender a Amazônia.
Muito mais difícil, porém, foi a de nossos antepassados de conquistá-la e mantê-la"Gen Ex Rodrigo Octávio Jordão Ramos. As ações dos luso-brasileiros que conduziram à conquista e à manutenção da Amazônia - hoje patrimônio incontestável do povo brasileiro - constituem uma das mais belas páginas da história da humanidade. No curso desse mister, que demandou quase 200 anos, sobraram coragem, determinação, desprendimento e incontáveis sacrifícios. Homens, em sua grande maioria, mas também mulheres e crianças; brancos, negros e, principalmente, índios, arrostando dificuldades e vencendo desafios, levaram a cabo a tarefa gigantesca
de desbravar tão grande quanto desconhecida região. O que se lerá a seguir é um pequeno relato dessa epopéia que orgulha todos os brasileiros.
Em fins do século XV, as duas superpotências da época, Portugal e Espanha, com as bençãos da Igreja Católica, acordaram pelo tratado de Tordesilhas a divisão das terras por descobrir, onde atualmente se situam a África e as Américas. Pelo combinado, grande parte do que se conhece hoje por Amazônia brasileira tocaria aos espanhóis.
E realmente foram esses que tomaram a dianteira no reconhecimento da Região. A Francisco de Orellana, intrépido navegador espanhol, credita-se o descobrimento do grande rio, por ele navegado, desde a nascente, nos contrafortes dos Andes, a sua foz, nos anos de 1540 e 1541. As narrativas fantasiosas do escrivão de bordo, reportando a existência de mulheres guerreiras nas margens do grande rio, as Amazonas, são responsáveis pelo nome que hoje o identifica e à região que acolhe seu vasto caudal. Seguiram-se outras expedições espanholas com finalidade
exploratória, até que franceses tentassem, no norte do Brasil, estabelecer a França Equinocial.
A expulsão do invasor do Maranhão alertou os portugueses para a importância da região contígua: a Amazônia. Como conseqüência, Francisco Caldeira Castelo Branco fundou, em 1616, na foz do grande rio, o Forte do Presépio, origem da atual cidade de Belém. A Amazônia começava a ser brasileira.
É bem verdade que a União das Coroas Ibéricas, a partir de 1580, tornando letra morta a linha de Tordesilhas, facilitara as coisas para Portugal. Afinal de contas, só havia um rei e senhor, o da Espanha; e todas as terras lhe pertenciam. Astutamente, os portugueses se valeriam dessa circunstância histórica para ampliar, o mais a Oeste possível, suas terras na América.
Duas expedições – verdadeiras epopéias - foram decisivas na conquista da Amazônia portuguesa: a de Pedro Teixeira e a de Raposo Tavares.
Em 1637, o Capitão Pedro Teixeira, a frente de um expedição cujo efetivo chegava a cerca de 2.500 pessoas, lançou-se para Oeste, contra a correnteza, pela calha do rio Amazonas, com a finalidade de reconhecer e explorar a região e colocar marcos de ocupação portugueses, até aonde pudesse chegar. E assim foi feito. Valendo-se do conhecimento e da adaptação à selva de mais de um milhar de índios, levou a cabo sua penosa missão, tendo chegado a Quito, na América Espanhola. Tal empreitada, que durou cerca de 2 anos, constitui feito memorável e de suma importância para o reconhecimento, com base no "Uti-possidetis", da presença portuguesa na Amazônia. Outro grande desbravador da região foi Raposo Tavares. Saindo de São Paulo, em 1648, pela tradicional via de acesso do rio Tietê, atingiu o rio Paraguai, daí o Guaporé, o Madeira e finalmente o Solimões-Amazonas, o qual navegou até Gurupá, no atual estado do Pará, de onde retornou a São Paulo. Três anos foram consumidos nessa jornada reveladora do espírito aventureiro do Bandeirante.
Muitas outras entradas e bandeiras foram empreendidas pelos luso-brasileiros aos rincões da Amazônia, seja em busca do tão sonhado "El Dorado", seja para colher as chamadas "drogas do sertão", especiarias muito apreciadas à epoca.
Conquistada a custo de sofrimentos e sacrifícios, a Amazônia precisava agora ser mantida. Era de se esperar que, além dos espanhóis, franceses, holandeses e ingleses, não se conformassem, pacificamente, com a posse portuguesa da Amazônia. E assim foram à luta. Os últimos tentaram se estabelecer, na margem Norte, junto à foz. Quanto aos espanhóis pressionaram de Oeste para Este, pretendendo conduzir suas ações ao sabor da correnteza. Foi aí que se depararam com as sentinelas de pedra, os fortes da Amazônia, erigidos pelos luso-brasileiros para barrar-lhes o caminho. Fiéis ao sábio princípio militar de que quem domina a embocadura de um rio domina seu curso, os portugueses estabeleceram suas fortificações na Amazônia em posições estratégicas, ao longo das vias fluviais, em sítios privilegiados para os defensores. Foi a partir das pranchetas rudimentares de seus engenheiros que os luso-brasileiros começaram a ganhar a guerra pela manutenção da Amazônia.
Entre os mais importantes, além do já mencionado Forte do Presépio, desempenharam papel de fundamental importância para a consolidação da conquista da Amazônia portuguesa, os Fortes de São José do Rio Negro, de Gurupá, de Macapá, de São José de Marabitanas, de São Gabriel das Cachoeiras, de São Joaquim, de São Francisco Xavier de Tabatinga e Príncipe da Beira, entre outros.Porém, de nada valeriam os Fortes, não fosse a têmpera - mais rija até que a dos canhões apoiados nas amuradas - dos homens que conduziram, principalmente pelo exemplo, os luso-brasileiros à vitória em numerosos embates. Chefes da estirpe de um Francisco Caldeira Castelo Branco, de um Bento Maciel Parente, de um Joaquim Tinoco Valente e de um Manuel da Gama Lobo d’Almada , para os quais nada, inimigo feroz, selva fechada, doenças desconhecidas, índios bravios, clima inclemente, animais selvagens, era capaz de detê-los; quem sabe a
morte, no último alento.Em suma, as ações de desbravamento da Amazônia promovidas pelos luso-brasileiros, via de regra, implicavam a expulsão dos invasores, o estabelecimento de fortificações, a fundação de vilas, a extração de recursos vegetais, o descobrimento de acidentes geográficos, enfim o conhecimento da área.

domingo, 8 de maio de 2011

Dilema entre o homem e o meio

“A Amazônia não é um inferno verde nem um paraíso perdido! Mas, sim, uma vasta área onde toda uma geração espera ansiosa e confiante o esplendente alvorecer de um amanhã fecundo, diferente e promissor. É tempo, na verdade, de o homem comandar a vida na Amazônia, deixando de escravizar-se ao rio, como secularmente vem acontecendo. É tempo de findar aquela extrema anomalia, tão decantada no passado de que o homem, na selva, vivendo da exploração florestal, pelo isolamento insuperado, trabalha para escravizar-se. É tempo de mudarmos essa imagem. O que queremos é uma Amazônia integrada, mas para sempre brasileira.”

É a última página ainda a escrever-se, do Gênesis com tanta agudeza e com tanta emoção que parece latejar de febre

“De seis em seis meses, cada enchente que passa é uma esponja molhada sobre o desenho mal feito; apaga, modifica, ou transforma os traços mais salientes e firmes, como se no quadro de suas planuras desmedidas andasse o pincel irrequieto de um sobre-humano artista incontestável.”
“O espírito humano. deparando o maior dos problemas fisiográficos, e versando-o, tem-se atido a um processo analítico que se, por um lado. é o único apto a facultar elementos seguros determinantes de uma síntese ulterior, por outro lado. impossibilita o descortino do conjunto.”
A Amazônia sempre atraiu com força de verdadeiro ímã a curiosidade científica universal. Inúmeros cientistas, particularmente naturalistas, botânicos, geógrafos e historiadores da Europa e dos Estados Unidos, visitaram a região nos séculos XVIII e XIX. Todos deixaram valiosas contribuições ao conhecimento da natureza dessa imensa calha potomográfica.

luta titãnica do homem contra o meio físico

Euclides da Cunha, após ter traduzido sua experiência nordestina no monumental “Sertões”, onde descreve incomparavelmente a luta titãnica do homem contra o meio físico que o envolve, tenta repetir essa mesma experiência na Amazônia, para onde segue integrando a Comissão Mista Brasileiro-Peruana de reconhecimento do alto Purus (1905). Devemos à pena euclidiana algumas páginas de profunda meditação sobre a natureza portentosa e a pequenez do homem que tentava domá-la. Gilberto Freyre, com argúcia de sociólogo, sintetiza admiravelmente essas páginas de Euclides, dizendo: “da história como da geografia, ele teve a visão mais larga, que é a social e humana”.
Realmente, a herança literária que nos legou este mestre ao descrever o desafio toynbiano do meio físico, é talvez a mais realista fotografia da enormidade desse desafio colossal.
Vamos passar a palavra a Euclides da Cunha, reproduzindo trechos de algumas de suas obras citadas na bibliografia:
“Para vê-la, deve renunciar-se o propósito de descortiná-la. Tem-se que a reduzir, subdividindo-a, estreitando, especia1izando, ao mesmo passo os campos das observações, consoante a norma de W. Bates, seguido por Frederico Hart e pelos atuais naturalistas do Museu Paraense. Estes abalançam-se, hoje, ali, à tarefa predestinada a conquistas parciais tão longas que todas as pesquisas anteriores constítuem um simples reconhecimento de três séculos.
“A inteligência humana não suportaria de improviso o peso daquela realidade portentosa. Terá que crescer com ela, adaptando-se lhe para dominá-la. É natural, a terra ainda é misteriosa. O seu espaço é como o espaço de Milton: esconde-se a si mesmo. Anula-se a própria amplidão a extinguir-se, decaindo por todos adstrita à fatalidade geométrica da curvatura terrestre, ou iludindo as vestes curiosas com o uniforme traiçoeiro de seus aspectos imutáveis.

As palavras amazônia e panamazônia deveriam simbolizar a mesma imagem geográfica

As palavras amazônia e panamazônia deveriam simbolizar a mesma imagem geográfica. Na realidade isto não acontece. Esta imensa região natural, portadora de ecologia uniforme, abrangendo o território de seis países tributários, é enfocada por seus condôminos sob uma visão particularizada. Assim é que, quando o brasileiro, o venezuelano, o colombiano, o peruano, o equatoriano ou boliviano refere-se à Amazônia, está falando na sua Amazônia nacional.
Visando à clareza das idéias, conceitos, formulações e perspectivas deste estudo, utilizaremos o vocábulo Pan-Amazônia toda vez que nos referirmos ao conjunto dessa região abrangente. Aliás, dois grandes escritores amazônicos contemporâneos, Arthur Cezar Ferreira Reis e Samuel Benchimol, já foram obrigados a se utilizar do vocábulo Pan-Amazônia para dar a abrangência desejada às suas idéias. Observa-se da parte de alguns geógrafos, como Haroldo de Azevedo por exemplo, a tendência de incluir as três Guianas entre os países amazônicos. Do ponto de vista hidrográfico, este critério não se justifica, já que os seus territórios estão fora da bacia, separados pela parede do sistema guiana, com exceção de uma pequena penetração fluvial na República da Guiana.
A Pan-Amazônia impressiona pelos números que caracterizam a sua expressão geográfica. Samuel Benchimol, em livro recente, imagina uma cosmovisão da Terra tomada do planeta Marte, na qual a grande região amazônica seria vista com a seguinte representatividade:
-vigésima parte da superfície terrestre;
-quatro décimos da América do Sul;
-três quintos do Brasil;
• um quinto da disponibilidade mundial de água doce; e
• um terço das reservas mundiais de florestas latifoliadas. Em contraste, esta imensidão de terras, águas e florestas abriga
apenas dois e meio milésimos da população mundial. A grande planície Pan-amazônica, abrindo-se em leque de leste para oeste, circundada ao norte pelas vertentes do maciço das Guianas, ao sul pelos degraus descendentes do planalto central brasileiro e a oeste pelos peneplanos da cordilheira andina, forma uma “verdadeira macrounidade, onde se integram espaço geográfico, condições climáticas, província botânica, bacia hidrográfica e características sócioeconômicas.
A bacia abrange a extensão enorme de 7 milhões de km2, duas vezes maior que a do Mississipi (3,2 milhões de km2) e duas vezes e meia maior que a do Nilo (2,8 milhões de km2).
O que mais impressiona nessa imensidão é a espessa floresta latifoliada tropical, do tipo hiléia, de grande extensão e homogeneidade panorâmica, cobrindo 70% de toda região. A cobertura vegetal restante, localizada nas ladeiras das cordilheiras e do planalto brasileiro, é composta por florestas mistas de transição, zonas de cocais, cerrados e savanas.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

"Cuidando do Planeta"

O Instituto Worldwatch lança o Projecto Cuidando do Planeta em Português
http://www.cuidandodoplaneta.org/

Washington, D.C. – O Instituto Worldwatch anunciou hoje o lançamento da versão em Português do seu popular website Cuidando do Planeta. O Instituto Worldwatch é uma organização de pesquisa independente sediada em Washington, D.C., reconhecida por líderes de opinião em todo o mundo pela sua acessibilidade e análise factual de assuntos globais críticos. Desde 2009 que o projecto Cuidando do Planeta utiliza uma grande variedade de ferramentas de pesquisa e de comunicação para avaliar meios inovadores e ambientalmente sustentáveis de aliviar a fome e a pobreza a nível mundial.

(reprodução parcial de mensagem de correio electrónico entretanto recebida, com origem na entidade identificada)