Euclides da Cunha, após ter traduzido sua experiência nordestina no monumental “Sertões”, onde descreve incomparavelmente a luta titãnica do homem contra o meio físico que o envolve, tenta repetir essa mesma experiência na Amazônia, para onde segue integrando a Comissão Mista Brasileiro-Peruana de reconhecimento do alto Purus (1905). Devemos à pena euclidiana algumas páginas de profunda meditação sobre a natureza portentosa e a pequenez do homem que tentava domá-la. Gilberto Freyre, com argúcia de sociólogo, sintetiza admiravelmente essas páginas de Euclides, dizendo: “da história como da geografia, ele teve a visão mais larga, que é a social e humana”.
Realmente, a herança literária que nos legou este mestre ao descrever o desafio toynbiano do meio físico, é talvez a mais realista fotografia da enormidade desse desafio colossal.
Vamos passar a palavra a Euclides da Cunha, reproduzindo trechos de algumas de suas obras citadas na bibliografia:
“Para vê-la, deve renunciar-se o propósito de descortiná-la. Tem-se que a reduzir, subdividindo-a, estreitando, especia1izando, ao mesmo passo os campos das observações, consoante a norma de W. Bates, seguido por Frederico Hart e pelos atuais naturalistas do Museu Paraense. Estes abalançam-se, hoje, ali, à tarefa predestinada a conquistas parciais tão longas que todas as pesquisas anteriores constítuem um simples reconhecimento de três séculos.
“A inteligência humana não suportaria de improviso o peso daquela realidade portentosa. Terá que crescer com ela, adaptando-se lhe para dominá-la. É natural, a terra ainda é misteriosa. O seu espaço é como o espaço de Milton: esconde-se a si mesmo. Anula-se a própria amplidão a extinguir-se, decaindo por todos adstrita à fatalidade geométrica da curvatura terrestre, ou iludindo as vestes curiosas com o uniforme traiçoeiro de seus aspectos imutáveis.
Realmente, a herança literária que nos legou este mestre ao descrever o desafio toynbiano do meio físico, é talvez a mais realista fotografia da enormidade desse desafio colossal.
Vamos passar a palavra a Euclides da Cunha, reproduzindo trechos de algumas de suas obras citadas na bibliografia:
“Para vê-la, deve renunciar-se o propósito de descortiná-la. Tem-se que a reduzir, subdividindo-a, estreitando, especia1izando, ao mesmo passo os campos das observações, consoante a norma de W. Bates, seguido por Frederico Hart e pelos atuais naturalistas do Museu Paraense. Estes abalançam-se, hoje, ali, à tarefa predestinada a conquistas parciais tão longas que todas as pesquisas anteriores constítuem um simples reconhecimento de três séculos.
“A inteligência humana não suportaria de improviso o peso daquela realidade portentosa. Terá que crescer com ela, adaptando-se lhe para dominá-la. É natural, a terra ainda é misteriosa. O seu espaço é como o espaço de Milton: esconde-se a si mesmo. Anula-se a própria amplidão a extinguir-se, decaindo por todos adstrita à fatalidade geométrica da curvatura terrestre, ou iludindo as vestes curiosas com o uniforme traiçoeiro de seus aspectos imutáveis.
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